
Eu estava com muita pressa, na minha correria rotineira de todos os dias
e eu sempre passo ali em frente aquele mercado, mas nunca havia acontecido aquilo que aconteceu naquele dia.
Estava eu indo pra igreja, muito precupado com o horário que chegaria no culto, já que eu havia saido de casa atrasado. No caminho, em frente ao mercado próximo a minha casa, fui abordado por um menino que veio com o seguinte pedido:
- Tio, paga um biscoito pra mim aí?
E eu cheio de pressa respondi:
- Não vai dar não filho, to duro.
E passei sem parar pra ele, mas a unica coisa que me intrigou nesse menino é que ele não estava vestido como um menino de comunidade ou pedinte, tava vestido bem, como um menino normal que tem pai e mãe, bem cuidado e bem alimentado. Porque então ele estava ali pedindo para as pessoas pagarem um biscoito pra ele? Segui em frente e logo esqueci.
No dia seguinte, eu de novo com muita pressa, só que agora indo para casa tomar um banho para voltar correndo para a igreja, passei no mesmo lugar e quem estava lá? Isso mesmo, o menino de novo. E ele me abordou com o mesmo pedido:
-Tio, me paga um biscoito aí?
E eu respondi novamente:
- Não dá não filho.
Só que dessa vez, fiquei mais intrigado com esse menino. Voltei e lhe perguntei:
Qual seu nome? - Ele respondeu: Caio. E eu me apresentei e propus algo a ele: Caio meu nome é Davi. Olha, eu pago o biscoito pra você, mas com a condição que você passe o dia todo hoje comigo, pode ser? Tá bom tio - concordou ele.
Após eu voltar de casa, fomos juntos para a igreja e conversamos bastante. Ele me contou toda sua história. Que tinha 11 anos de idade, que morava com a mãe e seus sete irmãos numa comunidade ali perto e que ele é o irmão do meio, que ele passava mais tempo na rua do que em casa. Estudava mas de vez enquando faltava aula pra ficar na rua brincando, passeando e fazendo muitas coisas com os amiguinhos da sua idade.
Chegamos na igreja, caio guardou o biscoito e ficou atento a tudo que acontecia na igreja. Caio gostou tanto que começou a andar comigo e ir sempre comigo a igreja. Só que nunca perguntei se caio queria aceitar a Jesus, procurei deixar o Espírito Santo falar com ele. E um dia num culto de domingo a noite, a vida do caio não seria mais a mesma e a minha também não.
Cheguei na reunião com caio e nos sentamos e ele como sempre muito atento a palavra e as pessoas. No fim da palavra o pastor fez um convite para que algumas pessoas fossem a frente aceitar a Jesus como Senhor e Salvador. Caio começou a olhar espantado para as pessoas, de uma forma diferente do normal. E pude ver lágrimas descerem de seu olhos. Enquanto olhava para os rostos de várias pessoas que levantavam, ele puxava minha camisa como que se quisesse me mostrar algo, mas não conseguia falar, tamanho era o espanto que ele se encontrava.
O que está havendo caio? - perguntei pra ele.
Ele olhou pra mim, com a mesma cara de espanto. Me olhava como se nunca tivesse reparado meu rosto e me perguntou: Tio, eu to vendo um monte de Jesus aqui. O que Caio, não entendi! Disse, eu, confuso.
- Tio, tá vendo aquelas pessoas que levantaram e foram lá na frente? Elas chegaram aqui com o rosto delas, só que depois que o pastor terminou de pregar, elas ficaram com a cara igual a de Jesus. Algumas continuam com a mesma cara, mas outras não. Tem algumas pessoas indo lá na frente abraçar as pessoas com cara de Jesus, só que algumas dessas pessoas não tem a cara como a de Jesus não. Como pode isso tio?
E fiquei assustado, porque o caio não parava de falar que via algumas pessoas com o rosto igual ao de Jesus e outros não. E ele apontava pra mim quem tava com o rosto igual ao de Jesus e os que não tinham o rosto igual ao de Jesus. Algumas pessoas eram membros comuns da igreja, outros era líderes, alguns com o rosto igual ao de Jesus e outros não, assim dizia ele pra mim.
Até que me intrigou uma coisa nisso tudo. Como Caio sabia distinguir o rosto de Jesus?
Perguntei: - Caio, como você sabe qual rosto é o de Jesus e qual não é? Alguma vez você viu Jesus?
Ele me respondeu com muita naturalidade: Sim tio, o Senhor. Alguns tem o rosto igual o do senhor e outros não.
Essa resposta de Caio me assustou e perguntei novamente: Como assim Caio?
- Tio, o senhor parece com Jesus, porque o senhor age como Ele e por isso se parece com Jesus.
Fiquei assustado com tal declaração. Isso me gerou uma alegria, mas um temor pela responsabilidade que cada um de nós temos. Lembrei naquele instante quando os discipulos de Jesus passaram a serem chamados de Cristãos, por se parecerem tanto com Jesus.
Fui despertado por Caio me fazendo uma pergunta com lágrimas nos olhos.
- Tio, eu estou parecido com Jesus também? Olha bem pra mim e vê se estou. Porque se eu estiver, eu quero ir lá na frente pra todo mundo ver que estou parecendo com Jesus.
- Está sim caio e como está parecido! Vamos lá para que todos vejam como nós nos parecemos com Jesus.
Nunca vi uma pessoa ficar tão feliz ao ouvir que se parecia com Jesus, como vi o Caio ficar.
Entendi que melhor que evangelizar com palavras é evangelizar com a vida, isso é fazer discipulos.
Desde esse dia, as vezes me pego procurando Jesus no meu rosto refletido no espelho, mas não consigo ver porque quem precisa ver Jesus em meu rosto não sou eu e sim os "Caios" que eu encontrar pelas ruas dessa minha peregrinação.
E você, tem sido confundido com Jesus?